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Cadastre-se como clienteProfessora universitária há mais de três décadas. Mestre em Filosofia. Mestre em Direito. Doutora em Direito. Pesquisadora-Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas.
Presidente da ABRADE-RJ - Associação Brasileira de Direito Educacional. Consultora do IPAE - Instituto de Pesquisas e Administração Escolar.
Autora de 29 obras jurídicas e articulista dos sites JURID, Lex-Magister, Portal Investidura, COAD, Revista JURES, entre outras renomadas publicações na área juridica.
Aljubarrota, a batalha medieval.
Aljubarrota conheceu sua mais célebre batalha no fim da tarde do dia 14 de agosto de 1385 quando as tropas portuguesas com os aliados ingleses, comandadas por Dom João I de Portugal e D. Nuno Álvares Pereira e, o exército castelhano e seus aliados na época liderados por João I de Castela.
A localização exata deu-se no campo de São Jorge, na localidade de mesmo nome que era pertencente à freguesia de Cavalaria de Cima, concelho de Porto de Mós, nas imediações da Vila de Aljubarrota.
A referida batalha foi a priori denominada de Batalha Real pois os exércitos foram comandados pelos seus respectivos reis, porém essa denominação caiu em desuso. O resultado fora a definitiva derrota dos castelhanos, pondo fim na crise de 1383-1385 e, a consolidação de Dom João I, o primeiro rei da Dinastia dos Avis.
Aliás, a aliança luso-britânica saiu reforçada com tal batalha e fora selada um ano após, com a assinatura do Tratado de Windsor e também pelo casamento do Rei Dom João I com D. Filipa de Lencastre. Em forma de agradecimento pela vitória na batalha, o Rei de Portugal mandou edificar o Mosteiro da Batalha. Mas, a paz com Castela só veio em 1411 com o Tratado de Ayllón, ratificado em 1423.
Enfim, foi uma das raras batalhas campais da Idade Média ocorrida entre dois exércitos régios e um dos acontecimentos mais decisivos da história de Portugal e trouxe uma inovação na tática militar, permitindo que homens de armas apeados fossem capazes de vencer uma poderosa cavalaria.
No âmbito diplomático propiciou a aliança entre Portugal e Inglaterra que perdura até os presentes dias, e no âmbito político, solucionou a disputa que havia entre o Reino de Portugal e o Reino de Leão e Castela, abrindo caminho sob a Dinastia de Avis para uma das épocas mais marcantes da história de Portugal, que seria a era dos Descobrimentos.
A referida vitória celebrizou-se a lendária figura da heroína Brites de Almeida conhecida como a Padeira de Aljubarrota, que com sua pá teria matado sete castelhanos quee encontrara escondido em seu forno.
No entardecer do século XIV, q Europa se encontrava em plena crise e revolução. Afinal, a Guerra dos Cem Anos devastou a França, sendo punida severamente pelo Tratado de Brétigny-Calais (1360), em seguida, contabilizou-se que havia perdido cerca de um terço do total de seu território. Também ocorreram as epidemias de peste negra que devastaram muitas vidas em todo continente, somada a instabilidade política reinante em Portugal.
Na época, a França era apoiada pela Escócia, Boemia e o Papado de Avinhão (na Provença). E, a Inglaterra fora apoiada por Flandres, Portugal e nações alemãs. E, sob o rei Carlos V e Bertrand du Guesclin, a França recorreu a uma guerra de emboscadas e incursões nas possessões inglesas e, externalizou o conflito nomeadamente para a Península Ibérica.
O Condestável da França (em francês Connétable de France; do latim comes stabuli: isto é, 'Conde do estábulo'), como o primeiro oficial da Coroa, era um dos cinco Grandes Diretores originais da Coroa da França (junto com o Sénéchal, camareiro, mordomo, e chanceler) e Comandante em Chefe do exército francês. Ele, teoricamente, como o tenente-general do rei, superava todos os nobres e era o segundo em comando, atrás apenas do rei.
Em 1383, o El-Rei D. Fernando morreu sem filho varão para herdar a coroa e, a sua única filha legítima era a infanta D. Beatriz casada com o Rei Dom João I de Castela. A burguesia estava insatisfeita com a regência da Rainha D. Leonor Teles e do seu favorito, o Conde Andeiro, e com a ordem de sucessão, uma vez que isso significaria anexação de Portugal por Castela. Então, o povo alvoroçou-se em Lisboa. O Conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao Mestre de Avis, D. João, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por regedor e defensor do Reino.
O período de interregno que se seguiu ficou conhecida como sendo a crise de 1383 a 1385 e, finalmente, em 6 de abril de 1385, Dom João, mestre da Ordem de Avis, fora aclamado rei pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa de Portugal, que entendia advir-lhe do casamento. Diante da revolta da população portuguesa em vários pontos e cidades do Reino de Portugal, o rei de Castela, decide em 1384 entrar em Portugal e, entre fevereiro e outubro do mesmo ano, montou-se um cerco a Lisboa feito por terra e por mar.
Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrentou em 18 de julho de 1384, à entrada de Lisboa, a frota castelhana, ma batalha do Tejo. Nessa ocasião, os portugueses perderam três naus e sofreram várias mortes e prisioneiros, porém, a frota portuguesa conseguiu romper a frota inimiga que era bem superior, e descarregou no Porto de Lisboa os alimentos que trazia. E, tal ajuda veio a revelar-se muito importante para o povo que defendida Lisboa.
O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por não resultar, devida a grande determinação das forças portuguesas em resistir ao cerco, ao fato, de fato da cidade de Lisboa ser muito bem murada e defendida, e, a ajuda dos alimentos trazidos do Porto, e devido à epidemia da peste negra que assolou as forças castelhanas acampadas no exterior das muralhas.
Em junho de 1385, João I de Castela decidiu invadir novamente Portugal, auxiliado com forte contingente de cavalaria francesa e apoiado por muitos nobres portugueses. Realmente, a maioria das grandes famílias portuguesas estavam divididas entre os dois campos, a exemplo disso, Nuno Álvares Pereira que perdera na batalha dois meio-irmãos (Pedro e Diogo) quee combatiam pelo lado de D. Beatriz, por isso, a vitória em Aljubarrota deixou-lhe um forte gosto amargo.
Quando as notícias da invasão chegaram, foi reunido o conselho militar em Abrantes para decidir o que fazer. Muitos consideravam que o exército invasor era muito forte e sugeriram uma marcha de diversão até Sevilha para atrair o exército invasor, até chegarem os reforços ingleses.
O condestável discordou e defendeu dar batalha para travar o passo ao inimigo, pois Lisboa estava com fraca resistência; o rei parecia ser da mesma opinião, mas não decidiu de imediato. Parte então D. Nuno com a sua hoste para Tomar.
O rei enviou mensagem a pedir-lhe para regressar a Abrantes, mas D. Nuno recusa e continua a marcha para Tomar, onde esperaria o rei. Reúnem-se então e deslocam-se para Porto de Mós. A vanguarda é comandada pelo condestável e a retaguarda pelo rei.
Os portugueses com os aliados ingleses, cerca de seiscentos vindos no dia da Páscoa, sendo sua maioria veteranos da Guerra de Cem Anos, o exército português interceptou os invasores perto de Leiria. Dada a lentidão com que os castelhanos avançavam, Nuno Álvares teve tempo para escolher o terreno favorável para a batalha. A opção recaiu sobre uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota. Contudo o exército português não se apresentou ao castelhano nesse sítio, inicialmente formou as suas linhas noutra vertente da colina, tendo depois, já em presença das hostes castelhanas mudado para o sítio predefinido, isto provocou bastante confusão nas tropas de Castela.
Assim, pelas dez horas da manhã do dia 14 de agosto, o exército tomou a sua posição na vertente norte desta colina, de frente para a estrada por onde os castelhanos eram esperados. A disposição portuguesa era a seguinte: infantaria no centro da linha, uma vanguarda de besteiros com 200 archeiros ingleses, 2 alas nos flancos, com mais besteiros, cavalaria e infantaria.
Na retaguarda, aguardavam os reforços e a cavalaria comandados por D. João I de Portugal em pessoa. Desta posição altamente defensiva, os portugueses observaram a chegada do exército castelhano protegidos pela vertente da colina. A carriagem era comandado por Diogo Lopes Pacheco. Na posição inicial a ala esquerda é a Ala dos Namorados, por ser formada por jovens. A outra ala é chamada de Madressilva.
A vanguarda do exército de Castela chegou ao teatro da batalha pela hora do almoço, sob o sol escaldante de agosto. Ao ver a posição defensiva ocupada por aquilo que considerava os rebeldes, o rei de Castela tomou a esperada decisão de evitar o combate nestes termos.
Lentamente, devido aos 30 000 soldados que constituíam o seu efetivo, o exército castelhano começou a contornar a colina pela estrada a nascente. A vertente sul da colina tinha um desnível mais suave e era por aí que, como D. Nuno Álvares previra, pretendiam atacar.
O exército português inverteu então a sua disposição e dirigiu-se à vertente sul da colina, onde o terreno tinha sido preparado previamente. Uma vez que era muito menos numeroso e tinha um percurso mais pequeno pela frente, o contingente português atingiu a sua posição final muito antes do exército castelhano se ter posicionado.
O condestável Nuno Álvares Pereira havia ordenado a construção de um conjunto de paliçadas e outras defesas em frente à linha de infantaria, protegendo esta e os arqueiros. Este tipo de tática defensiva, muito típica das legiões romanas, ressurgia na Europa nessa altura. Estas defesas incluíam covas de lobo e fossos que foram ocultadas com ramos.
Na posição final os portugueses ficam na direção norte-sul e os castelhanos sul-norte, tendo Lisboa nas costas. As alas portuguesas mudam a sua posição relativa, sem precisarem de trocar de lugar, mudando apenas o sentido para onde estavam voltadas.
Como era véspera de dia santo, o combate não podia dar-se no dia seguinte. Do lado castelhano havia quem não quisesse dar batalha, mas havia outros que queriam acabar com a resistência portuguesa nesse dia.
O rei de Castela envia emissários ao condestável: Diogo Álvares Pereira, irmão de D. Nuno, Pedro López de Ayala e Diogo Fernandes, marechal de Castela. Estes quiseram convencer o condestável a rejeitar o seu rei e juntar-se a eles. O condestável recusou e ameaçou mandar dissipar.
Pelas seis da tarde, os castelhanos ainda não completamente instalados decidem, precipitadamente, ou temendo ter de combater de noite, começar o ataque.
O ataque começou com uma carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária.
Contudo as linhas defensivas portuguesas repeliram o ataque. A pequena largura do campo de batalha, que dificultava a manobra da cavalaria, as paliçadas (feitas com troncos erguidos na vertical separados entre si apenas pela distância necessária à passagem de um homem, o que não permitia a passagem de cavalos) e a chuva de virotes lançada pelos besteiros (auxiliados por 2 centenas de arqueiros ingleses comandados por Sir Leon Baade) fizeram com que, muito antes de entrar em contacto com a infantaria portuguesa, a cavalaria ficasse desorganizada e confusa. Ao final, as baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo.
Ainda não perfilada no terreno, a retaguarda castelhana demorou a prestar auxílio e, em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses.
Depois deste revés, a restante e mais substancial parte do exército castelhano atacou. A sua linha era bastante extensa pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a apertar-se (o que desorganizou as suas fileiras) de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros.
Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças, dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois setores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos besteiros e archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente.
Antes de avançar, D. João I ordenou a execução dos cavaleiros franceses aprisionados, como forma de evitar um possível contra-ataque pela retaguarda.
Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer. Ao pôr do sol, a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, João de Castela ordenou a retirada geral sem organizar a cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria portuguesa lançou-se em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade.
Apesar da grande vitória na frente, a carriagem portuguesa comandada por Diogo Lopes Pacheco foi atacada pelos castelhanos. O condestável manda suspender a perseguição e organiza o contra-ataque, repelindo a ofensiva inimiga.
O próprio rei de Castela, debilitado e tendo estado presente na batalha numa liteira, foi transportado apressadamente a cavalo até Santarém, como forma de fuga aos portugueses que estavam em perseguição dos castelhanos.
Nesse momento, e na tentativa de captura do monarca castelhano, um dos cavaleiros do condestável é morto, por usar o símbolo do santo S. Jorge, tendo sido posteriormente sepultado em Alcobaça.
Alguns fugitivos procuraram esconder-se nas redondezas, apenas para acabarem mortos às mãos do povo.
Eis que surgiu uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, iludiu, emboscou e matou pelas próprias mãos alguns castelhanos em fuga.
A história é por certo uma lenda da época. De qualquer forma, pouco depois, D. Nuno Álvares Pereira ordenou a suspensão da perseguição e deu trégua às tropas fugitivas.
Na manhã de 15 de agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram a barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina.
Para além de soldados de infantaria, morreram também muitos nobres fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota outra pesada derrota contra as táticas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers.
A batalha de Azincourt, já no século XV, mostra que Aljubarrota não foi a última vez em que isso aconteceu. Importa referir que, como era costume na época, as forças portuguesas permaneceram três dias no local, a aguardar uma eventual investida dos castelhanos, melhorando sucessivamente as posições defensivas.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da Dinastia de Avis.
Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha.
Assim como, passados sete anos da batalha, o condestável D. Nuno Álvares Pereira mandou construir a Ermida de São Jorge, em Calvaria de Cima, onde precisamente está o campo militar de São Jorge e nele havia depositado o seu estandarte nesse dia.
Hoje nesse mesmo último local, há também um moderno centro de interpretação que explica o desenrolar dos acontecimentos, seus antecedentes e suas consequências.
A Batalha de Aljubarrota foi um momento alto e importante na luta com Castela, pois desmoralizou o inimigo e aqueles que o apoiavam, e praticamente assegurou a continuidade da independência nacional.
No entanto o nome Aljubarrota terá muito provavelmente origens árabes, aquele povo, durante a sua longa ocupação, terá denominado a povoação aqui existente de Aljobbe (que significa poço, cisterna ou cova funda) que mais tarde derivou para Aljubarrota.
A Batalha de Aljubarrota é entendida como marco histórico e referência historiográfica lusitana. Há amplo debate sobre o acontecimento que fora discutido por historiadores desde Fernão Lopes. A vitória dos portugueses sobre os castelhanos, a independência lusitana sobre o rei D João de Castela, uma revolução, como muitos acreditam ser feita através dos setores populares que apoiaram o Mestre de Avis, e, acima de tudo, a diferenciação do que era entendido como portugueses e castelhanos pelos próprios cronistas e historiadores.
A referida batalha foi matéria da tradição literária e historiográfica iniciada e consolidada por Fernão Lopes, sendo detalhadamente trabalhada em crônicas. O poema de Camões vai manter e dar continuidade a essa tradição literária, configurando a imagem oposta dos castelhanos para os portugueses e, por consequência a própria identidade portuguesa.
O conflito em Aljubarrota se iniciou por uma série de problemas em razão às questões dinásticas entre as coroas de Portugal e Catela, E, Oliveira Marques debateu sobre as origens desse conflito, in litteris:
"As primeiras querelas sociais haviam já começado quando D. Fernando se casara com Leonor Teles (1372). Cedo voltaram a eclodir quando o rei morreu, em 1383. Na falta de herdeiro masculino, a sucessão de D. Fernando passou para sua única filha legítima, D. Beatriz, que ele Casara com D. João I, rei de Castela, depois de sua terceira derrota. As cláusulas do matrimônio confiavam a regência e o governo do reino à rainha – mãe, Leonor Teles, até filho ou filha nascer a Beatriz. Quaisquer que fossem as circunstâncias os reinos deveriam viver permanentemente separados. (MARQUES, A. H , 1976: 187.)"
O Rei João de Castela desejando a anexação do território português, e vendo a dificuldade em consegui-lo, sem ônus de um conflito armado dispôs-se a tentar invadir Portugal. E, havendo um clima propício para o combate armado, a população apoiava-se no Mestre de Avis, que era filho bastardo do antigo Rei Dom Pedro I. D. João, Mestre de Avis derrotou o Conde Andeiro e reuniu forças para combater os avanços do rei castelhano.
In litteris: “D. João I de Castela decidiu invadir Portugal e tomar conta do poder. A este passo violento moveu – o porventura, a crescente oposição ao governo de Leonor Teles e do seu amante, o conde João Fernandes Andeiro. Andeiro e Leonor tinham contra si as fileiras médias e inferiores da burguesia sob o comando do Mestre de Avis. O ódio contra Castela e os castelhanos obrigou o mestre de Avis a encabeçar uma revolta contra os dois grupos: Leonor Teles – Andeiro e D. João I – Beatriz. Ele ajudou a matar Andeiro, obrigou a rainha D. Leonor Teles a fugir a unir forças com João I de Castela e proclamou–se a si regedor e defensor do reino. Fez depois enviar embaixadores a Inglaterra com o propósito de renovar aliança política contra Castela. (Idem: 184 – 185)".
Os estudiosos como João Gouveia Monteiro e Oliveira Marques também apontaram as contradições e tensões oriundas dos imbróglios dinásticos e sucessórios do trono, além da franca oposição do Mestre de Avis:
“A morte de D. Fernando trouxe à superfície contradições, bastante agravadas pelo monarca defunto não ter deixado nenhum filho herdeiro, estando – por estratégia da Rainha Leonor Teles de Menezes e do Conde João Fernandes Andeiro – a sua filha (Beatriz) casada com o monarca de Castela. Com o infante D. João (filho de Pedro e Inês) prudentemente aprisionado em Castela, acabaria por ser em torno de outro bastardo régio (João, filho de D. Pedro I e de uma dama de nome Teresa Lourenço), emblematicamente o mestre da ordem militar de Avis, que se organizaria a oposição à regente e ao seu principal válido. Em nome da renovação da nobreza da corte de Portugal, excessivamente dominada pelos exilados castelhanos e galegos e seus aliados portugueses (circunstanciais ou não), todos eles sobre tutela da rainha viúva e do seu principal apoiante o conde Andeiro. (MONTEIRO, 2003: 14)"
Em verdade, a vitória da Batalha de Aljubarrota implica o início da consolidação de Portugal, não temos apenas a independência política de seu reino, mas também a participação política do povo português.
"Lisboa, que era já na época o centro político, econômico, social e cultural do país, cobiçado pelo rei de Castela e defendido estrategicamente na batalha de Aljubarrota, foi também o lugar onde nasceram a ideia, a vontade e a ação de rejeição a rainha, de escolha do Mestre, de defesa da independência e de adopção de novas medidas governativas. Era realmente Portugal que ali se decidia, porque ali estavam representados todos os (verdadeiros) portugueses". (AMADO, 1991: 37.)
Com o fim da batalha tratou-se dde consolidar novo tempo histórico para Portugal, pois essa independência política acima citada passou a
contribuir e favorecer a validação das posses das terras, e segundo o próprio Fernão Lopes, ao “poboo”. Marcou-se o período chamado de "Sétima Idade" E, segundo João Gouveia Monteiro, in verbis:
"O desfecho da batalha garantiu a independência portuguesa face a Castela, ao consagrar a vitória do partido do mestre de Avis, e com ele, a chegada ao poder de uma nova geração de gentes, aquilo que o magistral Fernão Lopes consideraria o início de uma ‘sétima idade do ouro’. A consolidação da independência do pequeno reino português face a Castela é incontestável, mas parece-me , assim, mais uma resultante da batalha do que propriamente uma causa direta de sua realização. (MONTEIRO, 2003: 6 – 9.)"
E, o estudioso ainda nos insere outra característica relevante da representação da guerra contra Castela e da Batalha de Aljubarrota, que seria a forte adesão à causa do Mestre de Avis por parte da nobreza dotada de baixo prestígio, geralmente os secundogênitos e, principalmente, as massas populares, setores fundamentais para essa renovação política em Portugal. Foi quando Fernão Lopes cogitou em "Arraya Meuda".
Aliás, em torno do Mestre de Avis se agregaram principalmente os filhos bastardos e secundogênitos, e boa parte destes com carreiras feitas no seio das ordens militares de Avis, do Hospital de Cristo ou de Santiago. Não se pode ignorar a liderança deste partido pertencer ao Mestre de uma dessas ordens militares, pois ele próprio era um bastardo régio e, complementarmente a Nunes Álvares Pereira, filho secundogênito de uma família profundamente ligada a Ordem do Hospital.
Os conflitos contra Castela, e mesmo a referida batalha e ainda as transformações políticas que se sucederam colocando o príncipe bastardo Dom João I, Mestre da Casa de Avis, no poder, servem para se lembrar da própria legitimação da dinastia, e a nova relação que Fernão I nos mostrou do território com os portugueses.
Naquele momento aumentou a afinidade étnica e cultural entre os territórios lusitanos e seus habitantes e, nasceu a necessidade conforme expuseram as Crônicas geral de Portugal de 1419 e da Crônica de D. João I, de Antônio José Saraiva, in litteris:
"Portugueses morreram de um lado e de outro, uns em nome da lealdade dinástica, outros em nome de uma realidade nova, mas ainda sem nome próprio, a que nesse tempo se aplicava o nome de “amor a terra”, isto é, fidelidade a uma tradição local, independente das raízes hispânicas. É natural que este novo sentimento se quisesse exprimir e justificar na historiografia, que em todas as épocas e em todos os tempos é inspirada pelos sentimentos de solidariedade e continuidade no tempo dos grupos étnicos e outros grupos sociais. Facilmente se compreende que tenha aparecido à de Aljubarrota o projeto de uma crônica exclusiva de Portugal". (SARAIVA, 1995: 161 – 162).
Ainda havia a necessidade da justificativa ideológica de exaltação da Dinastia de Avis. E, Fernão Lopes como cronista do rei, era o mais adequado para consolidar a afirmação histórica ao reinado do Mestre de Avis, doravante, o Rei Dom João I de Portugal e Algarves. Foi Fernão Lopes figura importante pois a sucessão da nova dinastia fora dada por meio de um Golpe de Estado.
A nova dinastia resultara de um golpe de estado, em que D. João, mestre de Aviz, foi eleito rei. D. João deveu essa eleição ao facto de ter assumido a chefia do movimento popular que rejeitava o legítimo herdeiro do trono, D. João de Castela, casado com a filha do falecido D. Fernando. Pesava, portanto, um labél de ilegitimidade sobre a nova dinastia e a missão principal de Fernão Lopes como cronista, era justificá-la.
São de sua autoria, com toda a probabilidade a Crónica de Portugal de 1419, a crônica de D. Pedro I e a crônica de D. Fernando, as duas primeiras partes da crônica de D. João I. (Idem: 166)
Hernâni Cidade entende que a importância de Fernão Lopes para a história e para a literatura portuguesa se deve ao seu compromisso com a verdade que envolve os seus escritos, principalmente do seu estilo singular de enredamento histórico, por esse motivo o seu pioneirismo como historiador português.
Fernão Lopes foi o primeiro dos cronistas medievais portugueses, não pela data em que escreveu, mas por ter sido o primeiro a dar as suas obras, ou crônicas, o caráter de verdadeira história narrativa. A função conferia-lhe certo prestígio social, como uma espécie de grau de nobreza, mas eram sobretudo seus talentos de escritor que lhe granjeavam o acolhimento afectuoso da corte. (CIDADE & SELVAGEM, s/d: 133).
Cidade nos apresenta o perfil de escrita de Fernão Lopes, nos expondo as qualidades do cronista. Apesar da rica análise de Hernâni Cidade, é notável a parcialidade em que este escreve sobre o cronista.
Fernão Lopes é um prosador ricamente dotado, dominando a língua ao ponto de fazer dela aparelho transmissor de todo panorama de uma grande época - estrépto de batalha se movimentos festivos, embate de paixões e lampejos de ironia, o pitoresco dos comentários populares – toda a vida material e moral de um povo, em momento singularmente perturbado.
Esboça as qualidades essenciais de um historiador, como hoje o compreendemos, não lhe faltando cuidado incansável na investigação, nem a acuidade vivíssima na crítica, a íntegra compreensão da realidade que a história deve abranger, nem a ductilidade do narrador, conhecedor de todas as manhas para captar a atenção do leitor. (CIDADE, 1968: 31.)
Fidelino de Figueiredo também descreveu as características do cronista e historiador português que teve grande importância na tradição literária portuguesa medieval.
Ele entende Fernão Lopes como revolucionário na arte da prosa, expondo a capacidade de envolver o leitor e a introdução dos setores populares nos registros escritos:
“O que será indiscutível é ser ele o nosso principal prosador medieval e um verdadeiro reformador da arte historiográfica. Particularmente impressiona o seu conhecimento dos homens e das multidões e a simplicidade com que lhes põe a nu os desígnios resteiros e calculados. É o único autor português medieval que nos dá a sensação de experiência profunda de vida, aliada ao poder de expressão”. (FIGUEIREDO, 1944: 95.)
Ainda como cronista Antônio José Saraiva expôs em sua Cronica de D. João I, a substituição do direito tradicional com a deposição da Rainha e a derrota de D. João de Castela, vindo a vigorar novo direito em Portugal, direito voltado, ao menos em discurso, para os habitantes da terra, para o povo em geral.
A força que a dinastia de Avis verdadeiramente devia à coroa, a julgarmos pela narrativa de Fernão Lopes, era a massa popular insurrecionada contra D. João de Castela e contra os que apoiavam em nome da legitimidade dinástica. As grandes linhas do debate aparecem claras quando as alternativas se limitam aos dois poderes afectivos: D. João de Portugal, Mestre de Avis e D. João de Castela. De um lado estava o direito dinástico, de um senhor suceder a outro, segundo regras tradicionais, do patrimônio; do outro lado estava um direito novo, ainda não legitimado , o direito inerente aos homens do senhorio, seus trabalhadores e proprietários imediatos, a população da terra, de recusarem um senhor de outra nacionalidade e etnia e de optarem por um senhor seu “natural”(SARAIVA, 1995: 168.)
Em última instância, Saraiva entende que os escritos de Fernão Lopes têm a intenção de mostrar o que é ser um “verdadeiro Português” dentro do contexto de guerra contra Castela. Da mesma forma, o poema de Luis de Camões, Os Lusíadas também vai trabalhar a definição da ideia de lusitanidade:
Ser “verdadeiro português”, ter amor a terra e não desejar a sua destruição , é uma razão de coração, um sentimento natural. Justificar a legitimidade do fundador da dinastia de Avis, obrigava, portanto, o cronista a justificar o direito novo, o direito da naturalidade, que era sentido sobretudo pela massa do povo não nobre. As crônicas de Fernão Lopes são a narração deste grande movimento. (Idem: 170)
Para explicar essa questão explicitando a disparidade étnica entre portugueses e castelhanos, Saraiva retoma a metáfora que Fernão Lopes utilizara, retirada da epístola de São
Pedro ao falar dos ramos de Oliveira:
“Mas aquelas vergônteas direitas, cuja nascença trouve seu antigo começo de boa e mansa oliveira portuguesa, esforçaram – se de cortar a arvore que os criou e mudar seu doce fruto, isto é de doer e para chorar!” Esta imagem dos ramos de Oliveira, uns naturais e outros enxertados é tirado da epístola 11 de São Paulo aos romanos, em que ela se aplica aos judeus. Mas o que importa aqui não é a origem da imagem, antes, o facto de Fernão Lopes explicar em termos de natureza a separação entre portugueses e castelhanos. Não é já a fé que está na origem da oposição entre os dois povos, mas algo de tão involuntário, tão exterior as instituições, de tão impositivo como é a natureza. Portugueses e Castelhanos têm naturezas diferentes porque são ramos de diferentes árvores”.
Pelas crônicas de Fernão Lopes concluiu-se que se consolidaram os primeiros escritórios históricos lusitanos de forma separada do restante da Península Ibérica que já tinha sua história escrita desde a Crônica geral de Espanha de 1344. E, naquele momento, o reino português, através de Fernão Lopes, preciso de muitos motivos, para relatar os acontecimentos portugueses.
Fernão Lopes deixou – nos na crônica de D. João I a verdadeira epopeia portuguesa , isto é, o poema étnico dos portugueses. O sentido étnico português é próprio, nessa época, da “gente pequena dos lugares”. A aristocracia tinha já a sua própria epopeia, que era a da luta dos povos hispânicos irmanados contra o inimigo Mouro.
Os seus heróis chamavam – se Cid Campeador, conde Fernão Gonçalves e outros cavaleiros desta guerra santa, de que a crônica geral de Espanha de 1344 nos conserva a memória e cujo símbolo comum a toda península é o Apóstolo Santiago. Mas na guerra peninsular de 1383 – 1385, a “gente pequena dos lugares” tomou consciência da sua identidade étnica particular; o inimigo com quem se defronta o povo eleito se chama Castela.
E sob a epopeia hispânica tradicional nasce a epopeia propriamente portuguesa, que procura revestir – se do mesmo prestígio de santidade que tinha a guerra contra os Mouros. Naturalmente, a epopeia de Fernão Lopes assumem formas que não cabem dentro do gênero épico, considerado sob o aspecto estritamente literário, a começar pela atitude crítica do historiador em que se coloca. (Idem: 202)
Compreende-se que então que a Batalha de Aljubarrota e as transformações políticas supracitadas em Portugal inseridas na Crónica de D. João I contam com personagens e escrita singulares e inovadores para o período, iniciando um processo que será devidamente concretizado apenas com Os Lusíadas de Luis de Camões, de pontuar historicamente os personagens de importância dos portugueses, singularizando-os, demarcando-os e distinguindo-os de outros povos a partir dos embates com Castela.
A exaltação do povo feita por Fernão Lopes dirigiu-se aos principais modelos portugueses da época, a saber: o Mestre de Avis, D. João e Condestável Nuno Álvares. E, ainda consolidou também uma imagem dos castelhanos oposta à dos portugueses, constituindo então a ideia de alteridade. Os castelhanos tidos como covardes, tais como aqueles que fogem das batalhas, enquanto os portugueses foram tidos como bravos guerreiros que atravessaram com coragem todas as desvantagens que tinham que iam do caráter numérico até o material.
No enredo da Crónica de D. João I os castelhanos são descritos como bárbaros cruéis que ao entrar nas cidades portuguesas vão praticando atrocidades ao longo da tomada dos territórios lusitanos.
Outro exemplo dessa questão pode ser visto quando o rei castelhano entra em Portugal, Fernão Lopes vai narrando as atrocidades atribuídas ao monarca de Castela que incluem decepar mãos e línguas de mulheres e crianças, até por fogo em igrejas.
Como fato complementar à imagem negativa dos castelhanos é observável nas passagens de Fernão Lopes onde mostrava as repetidas desvantagens numéricas que os portugueses enfrentavam em batalhas, o que serviu para melhor ilustrar e enaltecer a bravura portuguesa e a covardia castelhana.
João Monteiro nos expôs esse elemento: “O aparatoso exército castelhano, com seus homens “armados com boas e esplandecentes armas, e todos pulmões nos bacinetes, que lhes dava mui grande e formosa vista”, contrastando com as forças portuguesas, armados com as mais variadas armas: “solhas, cestas, faldões, panceiros,, lanças, chuços, paus tortados .... machados quem os podia haver”(MONTEIRO, 2003: 37.)
Fernão Lopes descreve numericamente as proporções entre os exércitos da famosa Batalha de Aljubarrota, deixando clara a intenção de enaltecimento dos portugueses.
Camões, no poema épico, também faz menção à desigualdade numérica da batalha entre os portugueses e os castelhanos. Ao expô-la, demonstra a força bélica e os armamentos utilizados pelos castelhanos. Farpões, setas e vários tiros voam: “Debaixo dos pés duro dos ardentes Cavalos, treme a terra, os vales soam: Espedaçam-se as lanças e as frequentes. Quedas co’as duras armas, tudo atroam: Recrescem os inimigos sobre a pouca Gente de Fero Nuno, que os apouca. (IV, 31). (CAMÕES, s/d: 141).
Citando a questão da diferença numérica entre os exércitos, Fernão Lopes prepara o leitor para a Batalha de Aljubarrota, chegando nesse momento a narração no clímax ante o confronto. Narra-se nesse momento um importante discurso do rei D. João I, exaltando os feitos e a coragem de seu exército:
Luis de Camões, na escrita d’Os Lusíadas, retratou o ápice da Batalha de Aljubarrota demonstrando a violência existente no embate, separando, assim como Fernão Lopes, um espaço descritivo de preparação para a Batalha a partir dos seguintes versos:
Estavam pelos muros temerosas,
E de um alegre medo quase frias,
Rezando as mães, irmãs, damas, e esposas,
Prometendo jejuns e romarias.
Já chegam as esquadras belicosas
Defronte das imigas companhias ,
Que com grita grandíssima os recebem;
E todas grande dúvida concebem.
Respondem as trombetas mensageiras,
Pífaros sibilantes, e atambores;
Alferezes volteiam as bandeiras,
Que variadas são de muitas cores.
Era no seco tempo, que nas eiras
Ceres o fruto deixa aos lavradores;
Entra em Astrea o sol no mês de agosto,
Baco das uvas tira o doce mosto.
Deu sinal a trombeta castelhana,
Horrendo, fero, ingente e temeroso:
Ouviu-o monte Artábro; e o Guadiana
Atrás tornou as ondas de medroso:
Ouviu-o o Douro, e a terra transtagana;
Correu ao mar o Tejo duvidoso:
E as mães que o som terribil escutaram,
Aos Peitos os filhinhos apertaram.
Quantos rostos ali se vem sem cor,
Que ao coração acode o sangue amigo:
Que nos perigos grandes o temor
É menor, muitas vezes, que o perigo:
E se o não é, parece-o; que o furor
De ofender, ou vencer o duro imiguo,
Faz não sentir que é perda grande e rara,
Dos memboes corporais da vida cara.
Começa-se a travar a incerta guerra;
De ambas as partes se move a primeira ala;
Uns leva a defensão da própria terra,
Outros as esperanças de ganhá-la;
Logo o grande pereira em que se encerra
Todo o valor primeiro se assinala;
Derriba, e encontra, e a terra enfim semeia
Dos que tanto desejam sendo alheia.
Já pelo espesso ar os estridentes
(IV, 26 – 30).
(CAMÕES, s/d: 39 – 41)
A partir desse momento é que Fernão Lopes expôs o principal elemento constituinte da Alteridade dos castelhanos com os portugueses, eis que chega o ponto central da covardia e desonra castelhana.
Em um longo processo discursivo de Fernão Lopes, essa representação é trabalhada ao longo de vários capítulos da Crónica de D. João I. Essa estigma já se insere no final da Batalha de Aljubarrota, quando a bandeira castelhana é derrubada e o rei D. João de Castela foge. A fuga é construída como uma reação castelhana exaustivamente repetitiva nas suas derrotas em campo de batalha.
O rei chegou à cidade e começou a admitir sua ausência de bravura frente ao conflito, nesse momento o monarca assumiu seus atos desonrados, mostrando-se um rei fraco, uma vez que deixou seus companheiros em campo para morrerem em batalha.
Com a fuga do rei castelhano, Fernão Lopes expôs também como ficaram os castelhanos em batalha, o cronista descreve-os fugindo desarmados para poder correr mais rápido, se escondendo, tentando de maneira malograda se disfarçar entre a população portuguesa. Porém, distinguindo mais uma vez etnicamente os dois povos, o cronista escreve que a língua foi o elemento delator daqueles castelhanos que se escondiam.
Fernão Lopes terminou por sintetizar no trecho a seguir a construção de Alteridade feita entre castelhanos e portugueses, descrevendo que enquanto os lusitanos eram bravos e corajosos, seus rivais eram desonrados. O cronista mostra também o poder da Divina Providência agindo em prol dos portugueses como recompensa de sua retidão cristã, expondo que a vitória se deu em grande medida porque eles eram os eleitos de Deus e os verdadeiros fiéis de cristo.
O rei D. João de Castela é construído como covarde também em Os Lusíadas, configurando uma continuidade sobre a tradição literária anticastelhana e continuando a formar uma oposição entre os castelhanos e os portugueses. Camões nos expõe, assim como Fernão Lopes, o arrependimento e a frustração do rei D. João de Castela ao ter suas empresas bélicas malogradas sobre a vitória lusitana.
Aqui a fera batalha se encruece
Com mortes, gritos, sangue e cutiladas;
A multidão da gente que perece ,
Tem as flores da própria cor mudadas:
Já as costas dão, e as vidas; já falece
O furor, e sobejam as lançadas;
Já de Castela o rei desbaratado
Se vê e de seu propósito mudado.
O campo vai deixando ao vencedor,
Contente do lhe não deixar a vida;
Seguem-no os que ficaram: e o temor
Lhes dá não pés, mas asas á fugida.
Encobrem no profundo peito a dor
Da morte, da fazenda despedida,
Da mágoa, da desonra, e triste nojo
De ver outrem triunfar de seu despojo.
Alguns vão maldizendo, e blasfemando
Do primeiro que guerra fez no mundo;
Outros a sede dura vão culpando
Do peito cobiçoso e sitibundo,
Que por tomar o alheio, o miserando
Povo aventura às penas do profundo:
Deixando tantas mães, tantas esposas
Sem filhos, sem maridos, desditosas.
O vencedor Joane esteve os dias
Costumados no campo, em grande glória:
Mas Nuno que não querer por outras vias
Entre as gentes deixar de si memória,
Senão por armas sempre soberanas,
Para as terras se passar trastaganas.
Ajuda o seu destino de maneira,
Que fez igual o efeito ao pensamento;
Porque a terra dos Vândalos fronteira
Lhe concede o despojo, e o vencimento
Já de Sevilha a Bética bandeira,
E de vários senhores, num momento
Se lhe derruba aos pés sem ter defesa.
Obrigados a força portuguesa. (IV, 42 – 46).
(CAMÕES, s/d: 145 – 146).
Outros cronistas posteriores à Fernão Lopes também adotaram essa mesma imagem negativa dos castelhanos, como por exemplo, a Crônica de Afonso Henriques, de autoria de Duarte Galvão (1505). Nela é exposto o conflito do primeiro rei português com o rei Afonso de Castela. O monarca castelhano é representado com as mesmas características do rei D. João I de Castela, sendo visto como fraco e desonrado.
Constata-se que Fernão Lopes consolidou uma representação anticastelhana de Alteridade em relação aos portugueses. Essa tradição literária não chega apenas ao poema épico Os Lusíadas, mas em muitas outras literaturas referenciais de Portugal como vimos na crônica acima.
A épica camoniana, sem dúvida, bebeu nas fontes das crônicas de Fernão Lopes, que apesar de prosador, ajudou a desenvolver em Portugal o estilo épico juntamente com a ideia étnica do português. Dessa forma, concordamos com Antônio José Saraiva ao afirmar que Luis de Camões foi um “épico póstumo” sobre a sombra de Fernão Lopes.
A importância de Fernão Lopes para a consolidação da ideia de Portugal é grande, além da formação de toda uma tradição literária que pode ser atribuída ao cronista.
Porém, vemos que essa contribuição foi possível pela sua formação intelectual, estando ele imerso nas discussões literárias do período e anteriores, além das condições políticas anteriores das crônicas escritas pelo mesmo.
A investida de Castela contra Portugal deu a ele margem para modelar o próprio português através da diferença. Camões em seus Lusíadas incorpora essa ideia do castelhano; podemos ver uma confluência de imagens entre o cronista e o poeta sobre a questão do anticastelhanismo a partir da Batalha de Aljubarrota.
Referências
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Resumo: Entre a Esfinge e Édito há comunicação inaugura o recorrente enigma do entendimento. É certo, porém,...
Resumo: Ao percorrer as teorias da democracia, percebe-se a necessidade de enfatizar o caráter igualitário e visando apontar suas...
O conceito de nação principiou com a formação do conceito de povo que dominou toda a filosofia política do...
A lei penal brasileira vigente prevê três tipos penais distintos que perfazem os chamados crimes contra a honra, a saber: calúnia que...
É importante replicar a frase de Edgar Morin: "Resistir às incertezas é parte da Educação". Precisamos novamente...
Resumo: O Pós-modernismo é processo contemporâneo de grandiosas mudanças e novas tendências filosóficas,...
Resumo: Estudos recentes apontam que as mulheres são mais suscetíveis à culpa do que os homens. Enfim, qual será a senha...
Resumo: Engana-se quem acredita que liberdade de expressão não tenha limites e nem tenha que respeitar o outro. Por isso, o Twitter bloqueou...
Resumo: Dotado da proeza de reunir todos os defeitos de presidentes anteriores e, ainda, descumprir as obrigações constitucionais mais...
Resumo: As mulheres se fizeram presentes nos principais movimentos de contestação e mobilização na história...
Resumo: A crescente criminalização da conduta humana nos induz à lógica punitiva dentro do contexto das lutas por...
The meaning of the Republic Resumo: O texto didaticamente expõe o significado da república em sua acepção da...
Resumo: O modesto texto aborda sobre as características da perícia médica previdenciária principalmente pela...
Resumo: Ao exercer animus criticandi e, ao chamar o Presidente de genocida, Felipe Neto acabou intimado pela Polícia Civil para responder por...