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A busca por um processo licitatório eficiente não é de hoje.
Ao longo do século XX, a legislação brasileira passou por sucessivas modificações, buscando aperfeiçoar os mecanismos de seleção de empresas e garantir a impessoalidade, moralidade e economicidade na gestão dos recursos públicos.
Em 1993, temos a implementação da Lei nº 8.666, conhecida como Lei de Licitações e Contratos, cuja expandiu o leque de modalidades licitatórias, introduzindo a tomada de preços, o convite e o leilão. Essa diversificação visava atender às diferentes necessidades da Administração Pública, considerando critérios como o valor do objeto a ser contratado, a natureza do serviço ou bem a ser adquirido e o grau de urgência deste.
A Lei nº 14.133/2021 surge como resposta à necessidade de modernizar o sistema licitatório brasileiro, adaptando-o às novas realidades sociais e econômicas. Entre os principais objetivos da nova lei, destacam-se o aumento da eficiência e da economicidade, através da simplificação de procedimentos e da digitalização dos processos.
Além disso, a nova Lei traz a promoção da transparência e da responsabilização, visto que há o reforço de mecanismos de controle social, como a publicidade dos atos licitatórios e a participação da sociedade civil.
Por conseguinte, estimula à inovação e à competitividade, com a participação de microempresas e empresas de pequeno porte nas licitações, além de prever mecanismos para a utilização de novas tecnologias e soluções inovadoras nas contratações públicas.
A nova Lei estabelece diversas disposições para servidores públicos que descumprirem as suas normas. Essas punições podem ser administrativas, civis e penais, a depender da gravidade da infração, variando desde uma advertência, até a demissão e inelegibilidade. Além dessas deliberações, os gestores públicos que violarem as normas licitatórias ainda poderão ser responsabilizados com base na Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992).
A inovação, neste aspecto, reside na exigência de comprovação do dolo do agente, ou seja, sua intenção livre e consciente de causar o resultado negativo, afastando a mera culpa para fins de aplicação das sanções por improbidade.
Embora a nova lei represente um avanço significativo, ainda há lacunas e desafios a serem superados para alcançar um sistema licitatório mais célere.
A flexibilidade introduzida pela nova lei, embora útil em alguns casos, pode gerar insegurança jurídica. A imprecisão de termos como “discricionariedade técnica” e “proposta mais vantajosa” (DI PIETRO, 2021; MEDAUAR, 2020) abre espaço para interpretações subjetivas e potenciais questionamentos, evidenciando uma certa carência de critérios objetivos.
Os critérios objetivos são aqueles que podem ser medidos e comprovados de forma clara e precisa, como menor preço, maior qualificação técnica ou melhor proposta técnica. Já os critérios subjetivos são aqueles que dependem da interpretação e do julgamento pessoal, como “experiência relevante” ou “qualidade estética”.
A discricionariedade técnica é um espaço natural em algumas licitações, mas a ausência de critérios objetivos pode banalizar essa discricionariedade abrindo caminho para o favorecimento de empresas, desigualdade de oportunidades, e, até mesmo, elevar o número de impugnações ao edital e recursos propostos, atrasando o processo licitatório.
A Lei nº 14.133/2021 é um passo importante na modernização do sistema licitatório brasileiro, mas ainda há muito a ser feito. Aperfeiçoar a lei, corrigindo lacunas e buscar maior clareza e objetividade, é essencial para garantir um processo mais célere, eficaz e justo.
A modernização do sistema licitatório brasileiro é um processo em andamento que deve ser acompanhado com atenção. A 14.133 representa um passo importante nesse caminho, mas ainda há muito a ser feito para alcançar os objetivos tão sonhados ao processo licitatório brasileiro.
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32. ed. São Paulo: Atlas, 2021.
MEDAUAR, Odete. Direito Administrativo Moderno. 18. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2020.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 44. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2022.
JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos. 18. ed. São Paulo: Dialética, 2021.
BRASIL. Lei nº 14.133, de 1º de abril de 2021. Altera a Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que dispõe sobre normas gerais para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras disposições, e a Lei nº 12.462, de 14 de agosto de 2011, que institui a Política Nacional de Participação Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2 abr. 2021.
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